Efemérides - 140 anos de Rosa Luxemburgo
De:
"F. Tollendal"
1871/2011 - 140 ANOS DO NASCIMENTO DE ROSA LUXEMBURGO
Rosa Luxemburgo viveu no período compreendido entre a Comuna de Paris e
o primeiro ano de existência do governo comunjista na Rússia. Nasceu em
5 de março de 1871 num vilarejo perto de Lublin, na Polônia controlada
pelo Império Russo. Era a quinta filha de Eliasz Luxemburg III, um judeu
comerciante de madeira, e Line Löwenstein.
Uma artrose no quadril a prostrou na cama até os cinco anos de idade,
tendo ficado com uma perna menor que a outra, o que a fez mancar por
toda a vida. Mudou-se para Varsóvia para estudar e conclui os estudos
secundários numa escola feminina em 1887.
Aos 15 anos, ainda como secundarista, iniciou sua militância política
fazendo parte de uma célula do Partido Proletário, fundado em 1882 e
aliado do movimento populista russo na luta contra a opressão czarista.
Mas logo o partido foi massacrado e quatro de seus líderes condenados à
morte. Para escapar do cerco policial, Rosa fugiu para a Suíça em 1889.
Ingressou na Universidade de Zurique juntamente com outros exilados
socialistas como Anatoli Lunacharsky e Leo Jogiches, que viriam a ser
seus companheiros por mais de 15 anos. Assim começou a militância
revolucionária de Rosa Luxemburgo, que viria a ser assassinada em 1919
pela social-democracia alemã.
Em 1892, Rosa fundou, com alguns ex-companheiros do antigo PP, o
Partido Socialista Polonês, que passou a ser dominado pelo nacionalismo,
de onde sairia o general Pilsudsky, futuro governante da Polônia.
Em 1893, junto a Leo Jogiches e Julian Marchlewski (alias Julius
Karski), fundou o jornal "A causa dos trabalhadores" (Sprawa
Robotnicza), para opor-se à ala nacionalista do PSP. Rosa acreditava que
a luta pela independência nacional da Polônia, despossuída de um
conteúdo de classe, levaria o proletariado a reboque da burguesia sob o
canto de sereia nacionalista. No entanto, para ela, uma Polônia
independente só poderia surgir por meio de uma revolução na Alemanha ou
na Rússia, discordando assim da luta pelo direito de autodeterminação
dos povos, posição que acarretaria futuras divergências com Lenin.
No ano seguinte, rompeu com o PSP para fundar. juntamente com Jogiches,
o Partido Social Democrata da Polônia e Lituânia. Em 1897, foi uma das
primeiras mulheres a concluir o doutorado em Ciência Política. Em abril
desse ano, casou-se com Gustav Lueck, filho de um amigo alemão, com o
objetivo principal de conseguir a cidadania alemã. O casamento arrumado
durou apenas cinco anos, que era o tempo mínimo estabelecido pela
legislação do país para tal caso. Depois os dois se divorciaram.
Na Polônia dominada pelo czarismo, Rosa tomou parte ativa da
revolução russa de 1905. Foi a partir dessa experiência que Rosa passou
a contrapor mais apaixonadamente a espontaneidade da ação direta das
massas à política conservadora da social democracia alemã. Nasceu daí o
folheto "Greve de massas, partido e sindicato", no qual Rosa tratou de
explicar as lições dos acontecimentos russos ao proletariado alemão,
aplicando-as à luta de classes desse país.
Enquanto todos os jornais socialistas haviam sido suprimidos, o de Rosa
continuava sendo publicado diariamente, de forma clandestina, o que fez
com que em quatro de março de 1906 ela fosse presa por vários meses.
P)o9r causa de sua saúde frágil, a nacionalidade alemã e o pagamento de
uma fiança altíssima, foi liberada e expulsa da Polônia, dirigindo-se
então à Finlândia para encontrar-se com Lenin, Zinoviev e Kamenev. O
episódio aproximou-a da fração bolchevista do Partido Operário Social
Democrata Russo.
Em 1907, Rosa participou como delegada do PSDPeL do Congresso de
Londres do POSDR, onde apoiou os bolchevistas em todas as questões
fundamentais concernentes à revolução russa. Chegou a declarar na
tribuna do Congresso "Eu sei que também os bolchevistas cometem alguns
erros, tem suas excepcionalidades, excessiva intransigência, mas eu os
compreendo plenamente e os justifico: no mínimo é necessário ser firme
como uma rocha frente a essa massa disforme e gelatinosa que é o
oportunismo menchevista" (Discurso de Rosa no V Congresso de Londres do
POSDR, 1907).
Três dias após o assassinato de Rosa e Karl, Trotsky escreveu:
"De constituição pequena, débil e enferma, Rosa surpreendia por sua
mente poderosa. Já falei certa vez que esses dois líderes se
complementavam mutuamente. A intransigência e a firmeza revolucionária
de Liebknecht se combinavam com uma doçura e meiguice femininas, e Rosa,
apesar de sua fragilidade, era dotada de um intelecto poderoso e viril.
Ferdinand Lasalle já escreveu sobre o esforço físico do pensamento e a
tensão sobrenatural de que é capaz o espírito humano para vencer e
superar obstáculos materiais. Essa era a energia que Rosa Luxemburgo
trasnsmitia quando falava da tribuna, rodeada de inimigos. E tinha
muitos. Apesar de ser de estatura pequena e aspecto frágil, Rosa
Luxemburgo sabia dominar e manter a atenção de grandes auditórios,
inclusive quando eram hostis as suas idéias. Era capaz de reduzir ao
silêncio aos seus mais irascíveis inimigos mediante o rigor de sua
lógica, sobretudo quando suas palavras se dirigiam às massas
operárias." (Karl Liebknecht - Rosa Luxemburgo, 18/1/1919).
A partir de 1873, a Alemanha atravessou um período de grande
prosperidade por causa da unificação dos vários reinos da região em
torno da Prússia, para derrotar a França de Napoleão III. A burguesia
francesa impôs a conta da derrota sobre sua própria população, mas não
sem antes ter que esmagar a resistência oferecida pela Comuna de Paris,
que constituiu o primeiro governo operário da história.
O império alemão também conquistou colônias na África (Camarões, Ruanda,
Burundi e Namíbia), norte da China e no Oceano Pacífico (Nova Guiné e
outras ilhas). Essa poderosa máquina de acumulação capitalista precisava
ser azeitada com a colaboração de classes, necessitava de estabilidade
política doméstica e poderia consegui-la a um custo insignificante
diante do que arrecadava.
Assim, o império acedeu a demandas do movimento operário por elevações
do nível de vida dos trabalhadores e do fortalecimento dos sindicatos e
cooperativas. Em 1890, para cooptar o movimento socialista à
institucionalidade burguesa, o governo Bismarck revogou a lei que
proibia os partidos socialistas de disputarem o Reichstag. A partir de
então, a burocracia sindical passou a conquistar gradativamente
representação parlamentar por meio do Partido Social Democrata, fundado
em 1863.
Essas condições favoráveis à luta econômica e parlamentar,
somadas ao refluxo ideológico imposto ao movimento operário
revolucionário com a ofensiva burguesa pós-Comuna, permitiu que os
líderes do PSD cada vez mais substituíssem o programa marxista pela
crença de que o capitalismo poderia ser reformado gradualmente até se
transformar em socialismo. O porta-voz dessa tendência e dirigente do
partido foi Eduard Bernstein, principal sucessor de Engels na II
Internacional e que escreveu uma série de artigos reunidos em "Problemas
do Socialismo", atacando cada vez mais abertamente os princípios do
marxismo.
O papa do socialismo internacional. em nome da liberdade de
crítica e em uma cruzada contra o dogmatismo, passou então a negar a
possibilidade de ser o socialismo fundamentado científicamente e a
concepção materialista da história como necessária e inevitável.
Rosa Luxemburgo viveu no período compreendido entre a Comuna de Paris e
o primeiro ano de existência do governo comunjista na Rússia. Nasceu em
5 de março de 1871 num vilarejo perto de Lublin, na Polônia controlada
pelo Império Russo. Era a quinta filha de Eliasz Luxemburg III, um judeu
comerciante de madeira, e Line Löwenstein.
Uma artrose no quadril a prostrou na cama até os cinco anos de idade,
tendo ficado com uma perna menor que a outra, o que a fez mancar por
toda a vida. Mudou-se para Varsóvia para estudar e conclui os estudos
secundários numa escola feminina em 1887.
Aos 15 anos, ainda como secundarista, iniciou sua militância política
fazendo parte de uma célula do Partido Proletário, fundado em 1882 e
aliado do movimento populista russo na luta contra a opressão czarista.
Mas logo o partido foi massacrado e quatro de seus líderes condenados à
morte. Para escapar do cerco policial, Rosa fugiu para a Suíça em 1889.
Ingressou na Universidade de Zurique juntamente com outros exilados
socialistas como Anatoli Lunacharsky e Leo Jogiches, que viriam a ser
seus companheiros por mais de 15 anos. Assim começou a militância
revolucionária de Rosa Luxemburgo, que viria a ser assassinada em 1919
pela social-democracia alemã.
Em 1892, Rosa fundou, com alguns ex-companheiros do antigo PP, o
Partido Socialista Polonês, que passou a ser dominado pelo nacionalismo,
de onde sairia o general Pilsudsky, futuro governante da Polônia.
Em 1893, junto a Leo Jogiches e Julian Marchlewski (alias Julius
Karski), fundou o jornal "A causa dos trabalhadores" (Sprawa
Robotnicza), para opor-se à ala nacionalista do PSP. Rosa acreditava que
a luta pela independência nacional da Polônia, despossuída de um
conteúdo de classe, levaria o proletariado a reboque da burguesia sob o
canto de sereia nacionalista. No entanto, para ela, uma Polônia
independente só poderia surgir por meio de uma revolução na Alemanha ou
na Rússia, discordando assim da luta pelo direito de autodeterminação
dos povos, posição que acarretaria futuras divergências com Lenin.
No ano seguinte, rompeu com o PSP para fundar. juntamente com Jogiches,
o Partido Social Democrata da Polônia e Lituânia. Em 1897, foi uma das
primeiras mulheres a concluir o doutorado em Ciência Política. Em abril
desse ano, casou-se com Gustav Lueck, filho de um amigo alemão, com o
objetivo principal de conseguir a cidadania alemã. O casamento arrumado
durou apenas cinco anos, que era o tempo mínimo estabelecido pela
legislação do país para tal caso. Depois os dois se divorciaram.
Na Polônia dominada pelo czarismo, Rosa tomou parte ativa da
revolução russa de 1905. Foi a partir dessa experiência que Rosa passou
a contrapor mais apaixonadamente a espontaneidade da ação direta das
massas à política conservadora da social democracia alemã. Nasceu daí o
folheto "Greve de massas, partido e sindicato", no qual Rosa tratou de
explicar as lições dos acontecimentos russos ao proletariado alemão,
aplicando-as à luta de classes desse país.
Enquanto todos os jornais socialistas haviam sido suprimidos, o de Rosa
continuava sendo publicado diariamente, de forma clandestina, o que fez
com que em quatro de março de 1906 ela fosse presa por vários meses.
P)o9r causa de sua saúde frágil, a nacionalidade alemã e o pagamento de
uma fiança altíssima, foi liberada e expulsa da Polônia, dirigindo-se
então à Finlândia para encontrar-se com Lenin, Zinoviev e Kamenev. O
episódio aproximou-a da fração bolchevista do Partido Operário Social
Democrata Russo.
Em 1907, Rosa participou como delegada do PSDPeL do Congresso de
Londres do POSDR, onde apoiou os bolchevistas em todas as questões
fundamentais concernentes à revolução russa. Chegou a declarar na
tribuna do Congresso "Eu sei que também os bolchevistas cometem alguns
erros, tem suas excepcionalidades, excessiva intransigência, mas eu os
compreendo plenamente e os justifico: no mínimo é necessário ser firme
como uma rocha frente a essa massa disforme e gelatinosa que é o
oportunismo menchevista" (Discurso de Rosa no V Congresso de Londres do
POSDR, 1907).
Três dias após o assassinato de Rosa e Karl, Trotsky escreveu:
"De constituição pequena, débil e enferma, Rosa surpreendia por sua
mente poderosa. Já falei certa vez que esses dois líderes se
complementavam mutuamente. A intransigência e a firmeza revolucionária
de Liebknecht se combinavam com uma doçura e meiguice femininas, e Rosa,
apesar de sua fragilidade, era dotada de um intelecto poderoso e viril.
Ferdinand Lasalle já escreveu sobre o esforço físico do pensamento e a
tensão sobrenatural de que é capaz o espírito humano para vencer e
superar obstáculos materiais. Essa era a energia que Rosa Luxemburgo
trasnsmitia quando falava da tribuna, rodeada de inimigos. E tinha
muitos. Apesar de ser de estatura pequena e aspecto frágil, Rosa
Luxemburgo sabia dominar e manter a atenção de grandes auditórios,
inclusive quando eram hostis as suas idéias. Era capaz de reduzir ao
silêncio aos seus mais irascíveis inimigos mediante o rigor de sua
lógica, sobretudo quando suas palavras se dirigiam às massas
operárias." (Karl Liebknecht - Rosa Luxemburgo, 18/1/1919).
A partir de 1873, a Alemanha atravessou um período de grande
prosperidade por causa da unificação dos vários reinos da região em
torno da Prússia, para derrotar a França de Napoleão III. A burguesia
francesa impôs a conta da derrota sobre sua própria população, mas não
sem antes ter que esmagar a resistência oferecida pela Comuna de Paris,
que constituiu o primeiro governo operário da história.
O império alemão também conquistou colônias na África (Camarões, Ruanda,
Burundi e Namíbia), norte da China e no Oceano Pacífico (Nova Guiné e
outras ilhas). Essa poderosa máquina de acumulação capitalista precisava
ser azeitada com a colaboração de classes, necessitava de estabilidade
política doméstica e poderia consegui-la a um custo insignificante
diante do que arrecadava.
Assim, o império acedeu a demandas do movimento operário por elevações
do nível de vida dos trabalhadores e do fortalecimento dos sindicatos e
cooperativas. Em 1890, para cooptar o movimento socialista à
institucionalidade burguesa, o governo Bismarck revogou a lei que
proibia os partidos socialistas de disputarem o Reichstag. A partir de
então, a burocracia sindical passou a conquistar gradativamente
representação parlamentar por meio do Partido Social Democrata, fundado
em 1863.
Essas condições favoráveis à luta econômica e parlamentar,
somadas ao refluxo ideológico imposto ao movimento operário
revolucionário com a ofensiva burguesa pós-Comuna, permitiu que os
líderes do PSD cada vez mais substituíssem o programa marxista pela
crença de que o capitalismo poderia ser reformado gradualmente até se
transformar em socialismo. O porta-voz dessa tendência e dirigente do
partido foi Eduard Bernstein, principal sucessor de Engels na II
Internacional e que escreveu uma série de artigos reunidos em "Problemas
do Socialismo", atacando cada vez mais abertamente os princípios do
marxismo.
O papa do socialismo internacional. em nome da liberdade de
crítica e em uma cruzada contra o dogmatismo, passou então a negar a
possibilidade de ser o socialismo fundamentado científicamente e a
concepção materialista da história como necessária e inevitável.